Ribeirão Preto esteve no noticiário nacional, em agosto de 2021, por registrar a pior qualidade do ar do Estado de São Paulo. A mudança de crise climática para emergência climática tem nos preocupado diante da inércia da Prefeitura no que diz respeito às questões ambientais no Município. O relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destaca que para limitar o aquecimento global em qualquer nível requer, no mínimo, que as emissões líquidas de CO2 sejam zeradas e que outros gases de efeito estufa, como o metano, sejam substancialmente reduzidos.

Em Ribeirão Preto, o setor de transporte é o maior emissor de poluentes ambientais e GEE e a queima de combustíveis no Município é piorada por um índice de motorização de 51,9 automóveis por 100 habitantes, sendo que a média nacional equivale a 33 (2020 *PMMU). Seguido do setor do transporte apresenta-se o setor de resíduos sólidos, com o destaque que Ribeirão Preto recicla menos de 1% (0.37% 2022) – e ainda gasta dinheiro para enterrar possíveis fontes de rendas, no Aterro de Guatapará.

A Prefeitura de Ribeirão Preto precisa priorizar a elaboração e implantação de planos relacionados à “Agenda 2030”. Precisamos investir em projetos e programas que visam a resiliência, sustentabilidade, verdejamento urbano, mobilidade ativa e de baixa emissão, gestão sustentável da água, cidade lixo zero, entre outros. Precisamos agir logo em escala municipal! O poder público precisa estar atento às transformações, como, por exemplo, se o padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual mostra-se insustentável, tanto no que se refere a proteção ambiental quanto no atendimento das necessidades de deslocamento que caracterizam a vida urbana, precisamos rever as políticas públicas municipais e projetar novas modelos de cidades, de ruas.

Estamos enfrentando na nossa cidade e na região longos períodos de estiagens, com queimadas e incêndios, em contrapartida, o volume de chuva se intensificou (*de acordo com dados da Climatempo, o volume acumulado de chuva foi de 365 milímetros, 36% a mais do que a média histórica de 268mm prevista para a época), e neste ano observamos e sofremos inúmeros alagamentos urbanos. A resposta tradicional aos problemas urbanos precisa ser revista para que possamos ter maior resiliência e melhor qualidade de vida para a população. Inclusive, acredito que Ribeirão e região precisam adotar urgentemente o conceito de “economia verde e circular” que emergiu como uma prioridade estratégica para muitos governos internacionais, e que mais e novos empregos possam ser gerados a partir de políticas públicas que incentivem essa economia.

A Prefeitura, depois de anos na inércia ao tema, apresentou o Relatório ESG, por pressão da sociedade e dos financiamentos públicos. Porém, será que esse relatório reflete de fato a nossa cidade? Infelizmente Ribeirão está bem distante de ser uma cidade à frente na pauta climática ou mesmo de uma Green City. A Secretaria do Meio Ambiente é raquítica e são baixíssimos os investimentos na pauta ambiental, vide o número de parques abandonados (Parque Genaro, Parque da Pedreira Santa Luzia, Parque Rubem Cione, entre outros) e também a baixa cobertura arbórea (média de 12,71%, sendo que o recomendado mínimo seria de 30% * inventário PMRP). Caminhamos a passos lentos! Vamos estar atentos para que esse relatório não seja apenas um verniz verde. Vamos monitorar de perto as metas publicadas pela Prefeitura e esperamos agilidade na implantação para recuperar todo o tempo perdido!

Marcos Papa, vereador, presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente Sustentabilidade e Mobilidade Urbana da Câmara de Ribeirão Preto