O vereador Marcos Papa (Podemos) quer saber exatamente em que a Prefeitura de Ribeirão Preto gastou os R$ 56,7 milhões que foram recuperados pela Operação Sevandija em negociação com a Aegea Saneamento – empresa envolvida junto com o Daerp no maior esquema de corrupção da história de Ribeirão Preto.

Requerimento de Papa, aprovado pelo plenário da Câmara, na sessão desta terça-feira (7), alerta para a dotação orçamentária em execução e solicita a relação completa de gastos. O documento tem como base reportagem publicada pelo jornalista Cristiano Pavini, do Blog Farolete, que mostra que a maior parte dessa bolada foi utilizada para despesas corriqueiras, sem prestação de contas adicional, e não para novos investimentos.

No requerimento, Papa pontuou que a Administração deveria ter utilizado o dinheiro de forma necessária e simbólica, como para investimentos em equipamentos, criação de política pública que tratasse de dificultar e afastar a possibilidade de novo atentado ao erário ou sistemas que proporcionassem maior transparência às relações contratuais.

Em discurso na tribuna, Papa elencou problemas que afetam diretamente a vida dos munícipes e que não são resolvidos pela Prefeitura alegadamente por falta de recursos, como teto de posto de saúde em situação crítica, praças abandonadas e museus fechados.

Quero que a população entenda. Do ponto de vista da legalidade não há o que se dizer: o prefeito colocou o dinheiro no caixa da Prefeitura e esse dinheiro foi usado. Mas a cidade ficou traumatizada, nós ainda estamos traumatizados por aquele roubo. A hora que conseguimos o dinheiro de volta com muito sacrifício era para atender as carências da população. Não adianta bater no peito e dizer que o caixa da Prefeitura está no azul e o povo desatendido”, enalteceu Marcos Papa.

O vereador, que presidiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Daerp, emendou: “É um dinheiro que veio a mais, um dinheiro que não estava no orçamento. Foi fruto de muita luta, de muita coragem para falar a verdade, de convocar gente muito poderosa. Essa gente foi enquadrada. R$ 71 milhões para essa empresa saiu de graça o acordo, mas para nós não. R$ 56 milhões que deveriam ser aplicados no que a própria Prefeitura diz que não tem dinheiro para resolver. E esse dinheiro caiu no caixa comum”.

Marcos Papa referiu-se as investigações que começaram em seu mandato. Dos quatro esquemas de corrupção revelados pela Sevandija, três foram denunciados por Papa, dentre eles esse que envolveu o Daerp e a Aegea Saneamento, sendo que parte dos milhões desviados voltou para os cofres públicos depois de seis anos.

Repercussão do requerimento: