O jornal Tribuna publicou, na edição deste domingo, dia 24 de março, uma entrevista com o vereador Marcos Papa (Rede), onde destacou seu mandato fiscalizador. Leia a entrevista feita pelo jornalista Eliezer Guedes:

O fiscalizador

Vereador em segundo mandato, Marcos Papa (Rede) é referência quando se fala em transporte coletivo urbano em Ribeirão Preto. Considerado um ferrenho fiscalizador do Executivo Municipal, ele cobra, por exemplo, que a administração municipal faça a revisão do contrato de concessão do transporte coletivo, previsto para o ano passado, por força contratual. Também preside uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga ações da prefeitura, consideradas por ele, irregulares, no que diz respeito à defesa e proteção dos animais. Candidato a deputado federal nas eleições do ano passado, Marcos Papa não conseguiu se eleger. Teve 23 miI votos, a maioria deles – 18,5 mil – em Ribeirão Preto. Seu grande desafio político eleitoral agora é definir seu futuro partidário. Isso porque, a Rede, precisa encontrar um caminho para sobrevier diante das novas regras eleitorais brasileiras. “Posso mudar de partido”, afirma. 

Tribuna Ribeirão – O se­nhor tem uma atuação muito ligada à causa animal. De onde surgiu este interesse pelo tema? 
Marcos Papa – É um prin­cípio de vida que trago, o res­peito por tudo que vive, seja fauna ou flora. Os animais têm um nível de sensibilidade elevado que já nos informa a existência de um princípio inteligente. Alma é princípio inteligente humano. Qual o nome desse princípio nos animais? Ele existe e devemos todo respeito e atenção. No mandato tivemos a colabo­ração da Andrea Bombonato, da Organização Focinhos, o que qualificou em muito nos­sas ações. 

Tribuna Ribeirão – Em relação ao transporte coleti­vo, o senhor defende a revi­são do contrato de conces­são assinado em 2012 pela Prefeitura com o Consórcio PróUrbano. Por quê? 
Marcos Papa – É uma cruel­dade termos pontos de ônibus sem banco, cobertura ou ilumi­nação noturna. Não custará R$ 1 para a Prefeitura, se regulamen­tarem a publicidade nos abrigos. Horários de pico são infernais aos usuários com lotações e falta de ônibus. Ar-condicionado só o prefeito pode exigir. Como ve­reador, eu não tenho esse poder, mas o prefeito o tem. O Con­sórcio PróUrbano deve R$ 7,3 milhões à Transerp e não paga, induzindo a Justiça a erro, erro­neamente alegando bitributa­ção, causando enorme prejuízo às ações de fiscalização do sis­tema e levando mais sofrimen­to ao usuário. A administração anterior deveria ter feito inter­venção nas empresas, mas não o fez. Muitas vezes a ex-prefeita (referindo-se a Dárcy Vera) agiu como sócia das empresas, pror­rogando prazos e não punindo o Consórcio pelos descumpri­mentos. A atual gestão está exa­geradamente conformada com o que herdou, precisa agir com muito mais energia e obrigar o cumprimento do contrato nas questões que não dependem de decisões judiciais, exercendo as prerrogativas que o Poder Exe­cutivo confere ao prefeito.

Tribuna Ribeirão – Que ava­liação o senhor faz da atual ad­ministração municipal? 
Marcos Papa – Dou nota quatro. Falta comprometimento e ousadia. Verdade que herdou finanças em ruínas e secretarias sucateadas, mas muitas coisas em nada mudaram em relação ao desgoverno anterior.

Tribuna Ribeirão – O se­nhor é a favor da reforma política? E o que precisa ser mudado? 
Marcos Papa – Sou a favor, defensor e propositor. Preci­samos acabar com senadores suplentes que não têm votos. Acabar ou, ao menos, regu­lamentar como os partidos usam o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral, que hoje são quase que totalmente drenados aos caciques partidários. Pre­cisamos adotar o voto distrital misto com a máxima urgên­cia, permitindo que candidatos com pouco dinheiro e grande legitimidade possam competir em melhores condições com os barões que estão pessimamente avaliados em seus distritos, mas usam seu poder econômico para comprar apoio em locais distantes, onde os eleitores se­quer os conhecem, mas votam cegamente no candidato apon­tado pelo apoiador comprado. Um mês depois já não sabem em quem votaram. Isso tem que acabar. Também defendo o fim da reeleição para o Executivo e do voto obrigatório.

Tribuna Ribeirão – O seu partido, a Rede, desistiu de uma possível fusão com o PPS. Qual o futuro do partido para as próximas eleições? 
Marcos Papa – Vamos dis­cutir este assunto, no dia 30 de março, em um evento nacional.

Tribuna Ribeirão – Existe a possibilidade de o senhor mu­dar de partido? Com qual deles o senhor tem mais identifica­ção política? 
Marcos Papa – Sim, exis­te a possibilidade, mas vou aguardar a discussão nacional. Trabalho pela eficiência da máquina pública, que hoje so­fre de obesidade mórbida, pe­nalizando quem empreende. Permanente combate ao des­perdício e punição aos desvios são ações de todos os dias. A Educação não pode ser verniz de candidato e, sim, um valor central da administração, com metas mensuráveis, reconhe­cendo e recompensando os educadores que superam as circunstâncias adversas e edu­cam. O desenvolvimento eco­nômico com geração de renda e inclusão tem ótimas soluções alcançadas por cidades próxi­mas a nós, que devem ser apli­cadas aqui, como intensificar o turismo de negócios e ecológi­co. Meu esforço é esse e aquele que tiver esses alinhamentos, como valores centrais, poderá somar conosco.

Tribuna Ribeirão – Nas elei­ções para deputado federal, do ano passado, o senhor teve mais de 23 mil votos. Isso o cre­dencia para disputar o Executi­vo no próximo ano? 
Marcos Papa – Venci gran­des nomes da nossa cidade e agradeço esse reconhecimento, mas hoje estou vereador. Nós, ribeirão-pretanos, temos ne­cessidades que a Prefeitura não atende. As filas da saúde são grandes, os buracos nas ruas intermináveis, levando prejuízo a muitos e até matando pessoas. A coleta de lixo é ruim e onerosa e o resíduo reciclável vai quase todo para o aterro num desper­dício inaceitável. A cidade tem temperaturas muito elevadas com a falta de árvores. O Daerp não para de desperdiçar água. O transporte público é caro e ruim. O governo quer resol­ver tudo isso com aumento de IPTU e não podemos permitir. Minha equipe está inteiramente focada nesse trabalho.

Tribuna Ribeirão – Quais são seus principais projetos que se tornaram lei? 
Marcos Papa – O vereador deve legislar e fiscalizar. Proibi as sessões extraordinárias entre o Natal e o Ano Novo. Isso por­que, alguns delinquentes traves­tidos de políticos aproveitavam o apagar das luzes para aprovar pacotes de maldades, como foi o caso do IPTU, em dezembro de 2012. Sou o autor da Lei das Fi­las, que acabou com privilégios e deu transparência às colocações dos usuários da rede municipal de saúde. Também sou o autor
da Lei da Transparência, que obriga a Transerp a divulgar, no site da Prefeitura, a relação com reclamações dos usuários do transporte público e as provi­dências que serão tomadas. En­tretanto, ressalto que dedico boa parte do meu trabalho para fis­calizar a administração. O prin­cipal exemplo dessa fiscalização é que, três dos quatros esquemas de corrupção, desmantelados pela Operação Sevandija, foram investigados e denunciados ini­cialmente pelo meu mandato.

Tribuna Ribeirão – O grupo ao qual o senhor per­tence não tem conseguido emplacar nomes na Mesa Diretora da Câmara. A que o senhor atribui isso? 
Marcos Papa – Tornei a Câ­mara mais transparente. Obri­guei a publicação dos nomes e função de todos os assessores, bem como dos conteúdos das pautas de votações para a popu­lação e imprensa. Parece menti­ra, mas isso não era permitido quando assumi o mandato. Sou o autor da lei que acabou com os supersalários na Câmara e ain­da inspirou o Executivo a replicá-la na Prefeitura.

Tribuna Ribeirão – O se­nhor é favorável à redução no número de vereadores para 22 na próxima legislatura? 
Marcos Papa – Sim. Não precisamos de quantidade, mas, sim, de qualidade.

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