O renomado tenor Jean William Silva receberá o título de Cidadão Ribeirão-pretano, nesta quinta-feira, dia 11, em sessão solene na Câmara Municipal. A homenagem foi proposta pelo vereador Marcos Papa e aprovada por unanimidade pelo Legislativo.

Aberta ao público, a cerimônia será realizada às 20h, no plenário, após a sessão ordinária. A homenagem será transmitida, ao vivo, na TV Câmara e nos canais oficiais.

Jean cresceu artisticamente em Ribeirão, se agigantou e tornou-se uma celebridade mundial por seu talento, qualidade artística, pela potência de sua voz e pela beleza de sua arte. Ribeirão fica maior recebendo Jean William como filho dessa terra”, enfatizou Papa.

Na justificativa do projeto de Decreto Legislativo, aprovado em março na Casa de Leis, Papa contou um pouco da trajetória de Jean William – do nascimento em Barrinha até sua apresentação para o Papa Francisco e diante de 3 milhões de pessoas, no Rio de Janeiro.

O tenor

Jean teve o primeiro contato com a música por meio dos avós. Ainda criança, quando já gostava de cantar, ganhou de presente um piano de brinquedo e teve uma grande referência no avô Joaquim – músico autodidata em violão e sanfona.

Todo mundo é muito afinado na minha casa. Desde que aprendi a falar comecei a cantar. Depois fui cantar na escola. Cantava o Hino Nacional na escola, cantava nas apresentações de Dia das Mães, Natal, no fim de ano na igreja, no presépio ao vivo“, lembra Jean.

A avó Iraci Silvana da Silva lembra que o neto gostava tanto de cantar que chegou a fazer da laje da casa seu primeiro palco, ainda criança. “Ele tinha uma escadinha, subia na laje pra cantar. Eu saí correndo e falei: ‘Jean, desce daí’. ‘Ah, vó, deixa eu cantar‘”, recorda.

Já adolescente, Jean chegou a ter uma banda de rock e se apresentou em barzinhos, mas acabou levado ao canto lírico após ganhar uma bolsa de estudos em Sertãozinho.

Lá eu conheci uma professora de canto lírico e eu não queria perder a bolsa porque não tinha condições de pagar por um conservatório. Ela falou: ‘olha, eu não sei te ajudar, porque você diz que canta rock, eu não conheço nada de rock, eu canto só música clássica, eu só conheço ópera’. Eu falei: ‘bom, nesse caso eu imito o Pavarotti‘”, conta.

Com sua voz potente, Jean nunca mais parou. Persistiu nos estudos e foi cursar música na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, mas enquanto seguia em busca do sonho precisou lidar com o preconceito. Entre as diversas formas de discriminação que sofreu, o músico lembra que o episódio mais marcante foi protagonizado por uma professora, que duvidou do futuro dele como cantor de ópera.

A obstinação e o talento de Jean, no entanto, foram maiores e não permitiram que o jovem parasse. Primeiro foi convidado pelo maestro João Carlos Martins a ser solista da Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi-SP e depois seguiu carreira solo.

Assim, passou a se apresentar em diferentes partes do mundo. Teatros na Itália, Emirados Árabes, Índia, Argentina e Estados Unidos estão entre os locais já visitados pelo cantor, além de grandes salas de espetáculo brasileiras. O maestro vê no tenor não só todas as qualidades de um cantor excepcional, mas um exemplo de superação.

Nosso País atravessou desde o começo problemas enormes, altos e baixos com relação ao preconceito e são pessoas como o Jean que realmente dão exemplo para São Paulo e para o Brasil. O Jean é uma inspiração para esse velho maestro com quase 79 anos“, diz.

Um dos pontos altos da carreira do músico foi em 2013, quando foi chamado a se apresentar para o Papa Francisco e diante de 3 milhões de pessoas, na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013.

“Poder cantar para o Papa, e a minha família é uma família muito católica, principalmente os meus avós, é uma forma de me conectar diretamente com essa infância e agradecer esse menino Jean que teve a oportunidade de brilhar de alguma forma e dizer alguma coisa de amor, de alegria pra humanidade de alguma forma. Pra mim é muito mágico”, diz.

Depois de tantas conquistas, o tenor ainda alimenta sonhos, como o de um dia cantar no Metropolitan Opera House, em Nova York, e se baseia na certeza de que a música é capaz de superar qualquer barreira ou preconceito.